quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Roda de Capoeira recebe título de Patrimônio Cultural Imaterial da Human...


Publicado em 26 de nov de 2014


Uma das manifestações culturais mais conhecidas no Brasil e reconhecidas no mundo, a Roda de Capoeira recebeu, nesta quarta-feira (26/11), da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Após votação durante a 9ª sessão do Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Imaterial, a Roda de Capoeira ganhou oficialmente o título. A reunião da Unesco, que começou na segunda-feira (24/11), segue até a próxima sexta-feira (28/11) na sede da organização em Paris.


"O reconhecimento da Roda de Capoeira pela Unesco é uma conquista muito importante para a cultura brasileira. A capoeira tem raízes africanas que devem ser cada vez mais valorizadas por nós. Agora, é um patrimônio a ser mais conhecido e praticado em todo o mundo", destacou a ministra interina da Cultura, Ana Cristina Wanzeler.



Além da presidenta do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Jurema Machado; da diretora do Departamento de Patrimônio Imaterial (DPI-Iphan), Célia Corsino; e dos diplomatas da delegação do Brasil junto à Unesco, capoeiristas brasileiros também acompanharam a votação, entre eles os mestres Cobra Mansa, Pirta, Peter, Paulão Kikongo, Sabiá e a Mestra Janja. O som do atabaque e do berimbau comoveram os representantes dos países presentes à apresentação que fizeram ontem (25/11) na sede da Unesco em Paris.



A presidenta do Iphan, Jurema Machado, presente na sessão do comitê, explicou que as políticas de patrimônio imaterial não existem apenas para conferir títulos, mas para que os governos assumam compromissos de preservação de seus bens culturais, materiais e imateriais, como a Roda de Capoeira. "O reconhecimento internacional amplia as condições de salvaguarda desse bem", esclarece. "Os compromissos assumidos pelo governo para com essa salvaguarda envolvem ações de promoção, de valorização dos mestres, seja na inserção no mercado de trabalho, seja na preservação das características identitárias da capoeira ou na formação de redes, de cooperação e de transmissão de conhecimento", complementa a presidenta do Iphan.



Para isso, o órgão, vinculado ao Ministério da Cultura (MinC), deu apoio aos próprios capoeiristas para se realizar amplo inventário dos grandes grupos de capoeira e mestres no Brasil e ajudou-os a instalar comitês estaduais distribuídos pelo país. Neles, capoeiristas podem formular reivindicações e compromissos relacionados à salvaguarda e à promoção dessa manifestação cultural. "A política do patrimônio imaterial tem uma especificidade: é fundamental que os mestres e praticantes tenham iniciativa porque passam a ser protagonistas da própria política", destaca Jurema Machado.



As medidas que favorecem a salvaguarda como ação sistemática do Iphan tiveram início com um decreto do ano 2000. Quatro anos mais tarde, houve outro grande avanço na área, quando se criou um departamento exclusivo para isso no órgão. "É trazer para proteção do Estado toda uma diversidade de práticas e conhecimentos que são patrimônio brasileiro tanto quanto prédios e paisagens. É patrimônio vivo que implica uma complexidade grande, com muitas ações por parte do poder público, mas que temos aprendido a fazer", conclui.



Com o título, a prática cultural afro-brasileira que é, ao mesmo tempo, luta, dança, esporte e arte, reúne-se agora ao Samba de Roda do Recôncavo Baiano (BA), à Arte Kusiwa- Pintura Corporal (AP), ao Frevo (PE) e ao Círio de Nazaré (PA), também reconhecidos como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.



Originada no século XVII, em pleno período escravista, a capoeira desenvolveu-se como forma de sociabilidade e solidariedade entre os africanos escravizados, estratégia para lidarem com o controle e a violência. Hoje, é um dos maiores símbolos da identidade brasileira e está presente em todo território nacional, além de ter praticantes em mais de 160 países, em todos os continentes. A Roda de Capoeira e o Ofício dos Mestres de Capoeira tiveram o reconhecimento do Iphan como Patrimônio Cultural Brasileiro em 2008 e estão inscritos, respectivamente, no Livro de Registro das Formas de Expressão e no Livro de Registro dos Saberes.



O Patrimônio Cultural Imaterial abrange expressões de vida e tradições de toda parte do mundo que ancestrais passam para seus descendentes. Segundo a Unesco, embora procure manter uma identidade e continuidade, esse patrimônio é vulnerável porque muda constantemente. Por isso, a comunidade internacional adotou a Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial em 2003. O documento legal define o que é Patrimônio Cultural Imaterial, além de definir também o comitê e os métodos de trabalho dele. 



Assessoria de Comunicação
Ministério da Cultura

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

"CAPOEIRA DE RODA" Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco)




Dança, luta e símbolo de resistência, a capoeira de roda será reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Na semana que vem, em Paris, o Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural e Imaterial da Unesco anuncia sua decisão. Foram feitos 46 pedidos de registro pelos Estados-Membros, sendo que 32 foram recomendados pelo órgão técnico do comitê, entre os quais está o da capoeira – o único apresentado pelo Brasil e um dos três bens da América Latina na lista.

No dossiê de candidatura, de 25 páginas, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) enumera uma série de ações para difundir a modalidade e propõe medidas de salvaguarda orçadas em mais de R$ 2 milhões, como a produção de catálogos e encontros. O documento destaca que o registro vai favorecer a consciência sobre o legado da cultura africana no Brasil e o papel da capoeira no combate ao racismo e à discriminação. O dossiê lembra que a prática chegou a ser considerada crime e foi proibida durante um período da história. Hoje, a capoeira é praticada até fora do país.

“A capoeira é uma manifestação cultural de muitas dimensões. É ao mesmo tempo luta, dança e jongo, tão ligada à nossa história, à nossa sociedade, que é um pouco do que é o povo brasileiro”, explicou a diretora do Departamento do Patrimônio Imaterial do órgão, Célia Corsino.

Já reconhecida como patrimônio cultural pelo Iphan desde 2008, a capoeira envolve os praticantes por meio do canto, dos instrumentos típicos como o berimbau e o atabaque, em uma roda, onde os golpes se confundem com a dança. Uma prática que é, ao mesmo tempo, jogo e brincadeira.

“A capoeira não é só um jogo, a capoeira é muito mais do que isso, a história da capoeira se confunde com a própria história do país, já foi utilizada até em guerra, como a do Paraguai”, diz mestre Paulinho Salmon, capoeirista e professor por mais de 50 anos. Ele faz parte de um comitê de mestres de capoeira no Rio que discute medidas de salvaguarda com o Iphan.

Os pedidos dos mestres para proteger a capoeira e seu aval para registrá-la como patrimônio da humanidade também foram levados em conta no dossiê entregue à Unesco. Entre eles, a possibilidade de a capoeira se tornar disciplina obrigatória nas escolas e nos encontros de troca de conhecimento. Segundo mapeamento do Iphan, a modalidade é praticada por todo o país.

No documento que recomenda o registro, o comitê técnico da Unesco destaca que a capoeira nasce da resistência contra a discriminação e favorece a convivência social entre pessoas diferentes. “[A roda] funciona como uma afirmação de respeito mútuo entre comunidades, grupos e indivíduos e promove a integração social e da memória da resistência à opressão histórica.”

No pedido, o Iphan também cita ações como o registro nacional da capoeira de roda como um bem cultural, a criação de grupos de trabalho, encontros e o prêmio Viva Meu Mestre, desenvolvidos com a sociedade civil e órgãos de governo. Para o futuro, como patrimônio da humanidade, são sugeridas medidas para promover a capoeira, contextualizá-la como legado africano no Brasil, além de mapear as rodas e seus mestres.

Conhecido como um dos maiores portos de desembarque de africanos, o Brasil organiza para 2015 o pedido de registro como patrimônio da humanidade do Cais do Valongo, no centro do Rio de Janeiro. Estima-se que o país tenha recebido 40% de todos os africanos escravizados que chegaram vivos às Américas e, desses, cerca de 60% entraram pelo Rio de Janeiro, segundo o antropólogo e fotógrafo Milton Guran, do Comitê Científico Internacional do Projeto Rota do Escravo da Unesco. O Cais do Valongo é considerado sagrado por religiões de matriz africana

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

A VERDADEIRA HISTÓRIA DE ANA JANSEN




Ana Joaquina Jansen Pereira, apelidada de Donana (São luis do Maranhão , 1793 – 11 de Abril de 1869) nomiada "Rainha do Maranhão", filha de Vicente Gomes de Lemos Albuquerque e Rosa Maria Jansen Müller, foi uma rica proprietária de terras e imovéis, além de portadora de Titulos De Nobreza e Ativista Política e dos Movimentos Sociais. Descendente da nobreza européia, sua família se instalou no Brasil, na Porvincia de São luis do Maranhão.


Ainda adolescente teve um filho de pai desconhecido no registro, tornando-se duplamente desonrada, por não ser mais virgem e mãe solteira. Supõe-se que um namorado a abandonou grávida, ou que o pai do bebê era casado, mas ela nunca revelou quem era realmente o pai de seu filho, ou talvez por ela mesma não saber quem fosse. Mesmo criada com muito rigor, era namoradeira, sumia de casa e passava horas fora e ninguém sabia com quem ela estava.

Expulsa de casa pelo pai com o filho recém-nascido, pobre e marginalizada, sofreu muito sozinha no mundo. Após um tempo de grandes dificuldades, até se prostituindo para sobreviver, conhece e torna-se amante por muitos anos do rico coronel Isidoro Rodrigues Pereira.

Embora descendente da nobreza européia, Ana Jansen teve uma juventude sofrida. Antes de conhecer o coronel, vivia na miséria, era mãe solteira e lutou muito para manter a mãe e o filho pequeno, já que a mãe não queria que ela saísse de casa, mas quem mandava em tudo era o pai dela, que nem queria mais saber da filha. Ana não queria ver a mãe passando necessidade e escondida do pai a ajudava, mas seu pai não queria nada que viesse dela, era muito orgulhoso.

Sua situação melhora aos poucos, depois que se tornou amante do coronel, o homem mais rico da província. Esse relacionamento mal-visto transforma Ana Jansen num alvo fácil para a sociedade moralista da época, personificada acima de tudo por sua maior inimiga: Dona Rosalina Ribeiro, que conservava a moral e os bons costumes com muito rigor, não admitia uma mulher não ser casada, ter filho de um homem que ninguém sabe quem é e ainda por cima ser amante de outro, ainda casado. O comportamento liberal e avançado de Ana era chocante para as mulheres da época, que se casavam cedo e viviam uma vida de submissão ao marido.

Voltou a ser aceita pela sociedade maranhense aos poucos, após seu casamento milionário, passou a ser mais respeitada. Os anos passaram e com a morte de seu marido, transformou-se na viúva mais rica e em uma poderosa senhora de terras, de escravos e líder política, sendo chamada de Rainha do Maranhão.

O principal motor psicológico da personagem Ana Jansen é o desejo de resgatar o nome e o prestígio de sua família, arruinado depois da falência de seu avô, Cornélio Jansen Müller. Sua famílai num passado distante teve muita fortuna, mas seu avô perdeu tudo por golpes de terceiros e ela sempre quis tirar o nome da família da lama, por mais que o pai não merecesse, pois ele sempre foi cruel com Ana.

Após a morte de Isidoro, Ana dá um largo passo em direção a este sonho, tornando-se rica, independente e poderosa, podendo ajudar a resgatar tudo que sua família teve um dia. Ela assume a fazenda Santo Antônio, propriedade do falecido coronel e, logo em seguida, consegue triplicar a fortuna herdada.

Perseverante e ambiciosa, Ana transforma o dinheiro em poder, assumindo a liderança política da cidade e reativando o esfacelado partido liberal Bem-te-Vi. Ela passa a comandar o partido e a cidade. Era um escândalo uma mulher envolvida com a política, mas ela queria ter posse dos poderes públicos e lutar por seus direitos de exercer a cidadania.

Ana, a poderosa do Maranhão, morre devido a idade, aos 76 anos, e após esse fato, tem sua memória maculada pelos inimigos que a transformam em uma alma penada, em uma bruxa maldita que percorre as ruas de São Luís em uma carruagem puxada por cavalos e escravos mutilados, gritando de dor e desespero por se arrepender dos pecados que cometera. Até hoje em São Luís todos temem seu espírito e até parentes de Ana, como bisnetos e tataranetos, as pessoas evitam se aproximar por medo de uma "maldição familiar". Existem ruas com o nome dela e até uma lagoa em sua homenagem, por parte da prefeitura, pois a população não gosta dela por ela ter sido muito cruel e assassinado crianças e escravos.

A Carruagem de Ana Jansen





Senhora de grande fortuna pessoal, dizem que mal tratava até à desumanidade seus numerosos escravos. A lenda do pervagar penado de Dona jansen anda pelas ruas da Cidade, às noites de sexta-feira (há uma variante que dá essa sinistra
aparição como ocorrendo às quintas feiras), teve larga difusão na primeirametade deste século, quando eram comuns as ruas mal iluminadas ou completamente às escuras, pelos constantes cortes de energia elétrica, e também por causa dos desiúandos policialescos da ditadura estadonovista, que traziam medo e maus presságios às noites de São Luís.




Reza a tradição que os notívagos da Cidade, ao pressentirem a aproximação do horrendo coche, fugiam aterrorizados, à procura de um lugar em que pudessem abrigar-se com segurança. Se assim não fizessem, estariam sujeitos a receber da alma penada de Dona Ana Jansen ou Dona ana, como popularmente chamada, uma vela acesa que amanheceria transformada em osso de defunto.

A carruagem, puxada por cavalos decapitados e tendo na função de cocheiro um escravo igualmente decapitado e com o corpo sangrando de monstruosas sevícias, produz, por onde passa, horripilantes sons, combinação do atrito de velhas e gastas ferragens com o coro de lamentações de escravos em estertor.

ASSOCIAÇÃO RAÍZES EM VISITA AO ESTALEIRO ESCOLA, NO BAIRRO DO TAMANCÃO (RUÍNAS HISTÓRICAS DA CASA DE ANA JANSEN. SALVE CAPOEIRA!